data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Desde o registro dos primeiros casos de dengue em Santa Maria neste ano, ainda em março, muita coisa mudou. Atualmente, a cidade tem 219 casos de dengue. Apenas dois não são autóctones (contraídos no município). O bairro que concentra mais casos ainda é o Nova Santa Marta, com 123. Já a zika tem 23 registros. As informações constam no boletim epidemiológico da prefeitura, atualizado todas as sextas-feiras.
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No começo de junho, eram 149 casos de dengue e 11 de zika. Embora menos numerosos, o aumento nos casos de zika foi maior. De 11 para 23 confirmações, o número de casos mais que dobrou.
O entendimento de quem lida com surto das doenças na cidade, no entanto, é de que as particularidades deste que foi o primeiro surto local de dengue e zika são mais relevantes que os números em si. O coordenador técnico de campo da Vigilância Ambiental em Saúde, Denoid Mezeck, explica que, inicialmente, a situação era de subnotificação nos casos da dengue, em que alguns casos não foram associados à doença.
- Quando foi diagnosticado, já começamos a agir para controlar essa crescente. Antes, nós tínhamos o mosquito, mas a infestação era considerada baixa, com propagação mais lenta que o controle - falou sobre o cenário anterior e inicial ao surto.
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De janeiro a março, a cidade registrou 27 casos. O aumento maior foi em abril, com 117 confirmações. Já em maio e junho, os números diminuíram de velocidade, e foram 70 casos nos dois meses.
- A partir de maio e junho, nós já começamos a retomar as rédeas da situação. Diminuímos o potencial de infestação pelo trabalho e condições climáticas, reduzimos o número de casos. Temos registrado, no máximo, dois casos por semana há mais de um mês. Tem semana que nem registra caso. Isso significa que temos um controle mais efetivo - explica Mezeck.
O segundo bairro com mais casos é o Nossa Senhora do Rosário, onde há 15 confirmações, mas nem chega perto do Nova Santa Marta. A concentração de surtos como esse em um local é comum segundo o coordenador. Mesmo que existam casos em outras regiões, é normal que uma região concentre o maior número.
- Esses surtos aparecem de maneira isolada, o mosquito acabou tomando conta da região do Nova Santa Marta. E tivemos casos vindo de fora que, devido ao alto nível de infestação que o município se encontra, se alastraram por outras localidades também. Esse surto inicial veio após o Carnaval, provavelmente por algum transporte ou por pessoas que vieram doentes. Com a grande quantidade do mosquito aqui, acabou com o número grande - explica.
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Já quanto à zika, a notificação foi ainda mais tardia. Mezeck explica que, a forma como a doença se manifesta torna mais difícil de identificá-la em relação à dengue. Porém, há a preocupação com os efeitos dela em gestantes.
- O zika já tem outra perspectiva. A gente não sabe exatamente onde surge os primeiros casos, porque muitas vezes a doença é assintomática ou, assim como a doença vem, ela vai sem maiores problemas. O grande problema é a microcefalia em recém-nascidos. Temos a situação mais problemática com as gestantes. Descobrimos os casos e que o vírus circulou em mais de uma frente por termos casos que eram investigados como dengue, mas que tinham resultado inconclusivo. Numa investigação da nossa epidemiologia com o Laboratório Central do Estado (Lacen), foi descoberta a doença. Mas, mesmo assim, o trabalho de prevenção já vinha sendo feito pelo vetor (o mosquito) ser o mesmo da dengue - conta.
Os primeiros casos de zika foram registrados em abril, com 14 confirmações. Nos últimos meses, apesar do aumento para 23, a situação não é vista de maneira inteiramente negativa.
O EFEITO DO FRIO
Os primeiros dias de frio mais intenso foram aliados para o controle da doença. Mezeck afirma, contudo, que isso não significa que os cuidados devem parar nas estações mais geladas
- O mosquito tem atividade independente da situação térmica. O que acontece nos períodos frios é que diminui a intensidade deles, seu metabolismo e circulação. Mas isso não inibe o trânsito deles. A equipe que tínhamos era praticamente a metade que se tem hoje, com quase 30 agentes. Temos um poder maior e uma capacidade de resposta bem melhor para futuros surtos. E digo isso porque provavelmente eles virão pelo tipo de tratamento que se tem na cidade, o fluxo de pessoas - fala.
De acordo com Mezeck, as situações mais problemáticas são o acúmulo de água da chuva, falta de zelo com quintais em bairros. Já na área central, são casos de piscinas sem o devido cuidado. Ambas as situações são criadores em potencial para os próximos 300 metros, que é o alcance do mosquito. O coordenador defende que a capacidade de controle vai ser suficiente na ocorrência de próximos surtos.
O resultado da última semana, que teve temperaturas mais altas, só vai ser constatado entre sete e 10 dias. Independente da existência ou não de um aumento significativo nos casos das doenças, as medidas de prevenção devem ser permanentes. Na análise da Vigilância, é provável que haja outros surtos na cidade por descuidado da população e pelo fluxo de pessoas elevado, que é característico de Santa Maria.
- Nós estamos esperando para saber se vai haver um aumento significativo com o calor ou não. Ou seja, se o vírus ainda circula. Porque temos encontrado um baixo índice de infestação, inclusive nos dias quentes - pontua.
SINTOMAS DA DENGUE
- Febre alta (acima de 38.5ºC)
- Dores musculares intensas
- Dor ao movimentar os olhos
- Mal-estar
- Falta de apetite
- Dor de cabeça
- Manchas vermelhas no corpo
SINTOMAS DO ZIKA
- Febre
- Dor de cabeça
- Vermelhidão nos olhos
- Mal-estar
- Incômodo nas articulações
- Manchas vermelhas no corpo que coçam
COMO COMBATER OS FOCOS
- Mantenha a caixa d'água sempre fechada;
- Encha de areia, até a borda, os potes e vasos de plantas;
- Não deixe a água da chuva acumular em recipientes;
- Mantenha tampados tonéis e barris de água;
- Guarde garrafas de cabeça para baixo;
- Recolha seus resíduos;
- Use repelente;
- Utilize inseticida em locais escuros (perto do chão e proximidades de piscina);
- Atenção às piscinas, especialmente as de plástico